Nobel da Paz de 2025 é concedido a María Corina Machado, líder da oposição venezuelana: ‘Estou em choque’, diz
Maria foi premiada ‘por seu incansável trabalho de promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela’, segundo o Comitê Norueguês do Nobel

O Prêmio Nobel da Paz de 2025 foi concedido à opositora venezuelana María Corina Machado, anunciou o Comitê Norueguês do Nobel na manhã desta sexta-feira. Considerada uma “dama de ferro”, María Corina é o principal rosto da oposição que tenta derrubar o ditador chavista Nicolás Maduro. Em vídeo enviado por sua equipe à AFP, é possível ouvir a líder opositora de 58 anos reagindo à premiação em durante ligação com Edmundo González Urrutia, ex-candidato presidencial venezuelano: “Estou em choque!”, afirma. “Que é isso? Não acredito”.
Velha conhecida da política venezuelana, a ex-deputada venceu por ampla margem as primárias da oposição, mas não pôde registrar sua candidatura à presidência por estar inabilitada politicamente por 15 anos. González Urrutia, então, a substituiu como candidato nas eleições presidenciais de julho do ano passado, mas a líder opositora encabeçou vários comícios eleitorais pelo país.
“Estamos em choque de alegria”, disse González, que partiu para o exílio na Espanha pouco depois dos resultados eleitorais, que deram a vitória a Maduro, em uma votação apontada como fraudulenta pela oposição e por parte da comunidade eleitoral. A oposição, liderada por María Corina, publicou cópias dos registros das urnas em um site para comprovar a vitória de González sobre Maduro. Os chavistas rejeitam esses documentos.
No X, González publicou um vídeo em que afirma: “Merecidísimo reconhecimento à ampla luta de uma mulher e de todo um povo por nossa liberdade e democracia”, acrescentando: “O primeiro Nobel à Venezuela!”
María Corina foi premiada “por seu incansável trabalho de promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”, anunciou o presidente do comitê, Jørgen Watne Frydnes.
Nascida em Caracas, em uma família conservadora e católica fervorosa, María Corina fundou em 2012 o partido Vem Venezuela e ficou conhecida por liderar a oposição mais linha-dura contra o então presidente Hugo Chávez. Com apoio antes limitado às classes mais altas do país e a parte dos venezuelanos no exílio, hoje os atos de María Corina reúnem centenas de apoiadores das classes populares, inclusive nos redutos chavistas, longe da capital.
Nobel da Paz
Instituído em 1901, o Nobel da Paz é um dos cinco prêmios criados a partir do testamento do químico e industrial sueco Alfred Nobel (1833–1896), inventor da dinamite. Preocupado com os efeitos devastadores da guerra, Nobel determinou que parte de sua fortuna fosse destinada a premiar “a pessoa ou entidade que mais ou melhor tenha contribuído à aproximação dos povos, à supressão ou redução dos exércitos permanentes e à promoção de congressos pela paz”.
Neste ano, o valor do prêmio permanece em 11 milhões de coroas suecas (o equivalente a cerca de R$ 6,2 milhões), montante idêntico ao das edições de 2023 e 2024. Desde sua criação, o Nobel da Paz é concedido por um comitê de cinco membros nomeados pelo Parlamento da Noruega.
Ao longo de mais de um século, o prêmio já contemplou líderes políticos, organizações humanitárias e defensores dos direitos humanos, mas também foi alvo de polêmicas. Entre os episódios mais marcantes está o de 1973, quando o vietnamita Le Duc Tho recusou a honraria, alegando que a paz em seu país ainda não havia sido alcançada.
A Fundação Nobel, criada após a morte de seu fundador, administra o legado de Alfred Nobel — um patrimônio que, atualizado, equivale a cerca de R$ 1,25 bilhão. Desde então, a premiação tornou-se uma das mais prestigiadas do mundo, símbolo de reconhecimento àqueles que se dedicam ao avanço da humanidade.