Em meio à crise de hospedagem, Lula diz que vai dormir em barco na COP
O número atual de nações com a hospedagem garantida para toda a delegação corresponde a pouco menos da metade do total de 196 países previstos

Com os altos preços de hospedagem em Belém para a COP30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, durante o evento climático, “vai dormir em um barco”. Nesta quinta-feira, em evento no Pará, Lula voltou a reconhecer, mas minimizar, as dificuldades de sediar a conferência na capital do estado.
— Eu sei os problemas de Belém, sei os problemas de drenagem, sei os problemas da pobreza, mas, veja, por que aceitamos o desafio de fazer a COP lá? É preciso mostrar para o mundo o que é a Amazônia e o que é o Pará. Não vai ser a COP do luxo — disse, completando: — Eu falei para a Janja, eu não vou nem ir para hotel, eu vou dormir um barco.
O presidente ainda brincou que, “enquanto os gringos estiverem dormindo”, ele estará pescando.
— Quem sabe eu consiga pegar um filhote, um pirarucu — disse, fazendo o público rir.
Desde que delegações e representantes de países convidados passaram a criticar os preços e a qualidade das acomodações em Belém, chegando a sugerir a transferência da sede, o presidente brasileiro tem repetido que a COP 30 será “a COP da verdade”. Lula afirma que os líderes não devem esperar um evento no padrão de edições como Dubai ou Paris e reforça que os países ricos precisam conhecer as dificuldades enfrentadas por quem vive na região amazônica.
Até quinta-feira passada, 87 países confirmaram presença na conferência. O número atual de nações com a hospedagem garantida para toda a delegação corresponde a pouco menos da metade do total de 196 países com participação possível no evento, que acontece daqui a menos de dois meses.
Na última semana, o presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, e a diretora-executiva do evento, Ana Toni, afirmaram que as obras estão “praticamente concluídas” e as preocupações logísticas diminuíram “de forma significativa”.
— A questão da hospedagem sempre retorna devido ao preço muito alto dos hotéis, mas, ao mesmo tempo, o trabalho da força-tarefa que está ajudando os países a encontrar quartos avançou de forma significativa. Muitos países já estão confirmando suas reservas — disse Corrêa do Lago.