Diárias de hospedagem em Belém recuam após pressão internacional, mas valor segue elevado

Após os altos custos com hospedagem em Belém gerarem uma crise internacional para a organização da COP30 e mobilizarem os governos federal e estadual, os preços médios das diárias começaram a recuar, embora ainda seja possível encontrar unidades anunciadas por valores superiores a US$ 500 por dia (R$ 2,7 mil na cotação de terça-feira
Apesar da queda nos valores cobrados pela hospedagem, uma consulta no Airbnb e no site Booking encontrou preços elevados. Após os altos custos com hospedagem em Belém gerarem uma crise internacional para a organização da COP30 e mobilizarem os governos federal e estadual, os preços médios das diárias começaram a recuar, embora ainda seja possível encontrar unidades anunciadas por valores superiores a US$ 500 por dia (R$ 2,7 mil na cotação de terça-feira), segundo levantamento feito pelo GLOBO. Esse teto foi defendido pela Convenção do Clima da ONU para países em desenvolvimento e desenvolvidos em reunião com os representantes do Brasil na semana passada.
A plataforma de aluguel por temporada Airbnb informou na terça-feira ao governo do Pará que o preço médio de diárias em Belém para o período da COP30, que ocorre entre os dias 10 e 21 de novembro, caiu 22% em agosto na comparação com o pico atingido em fevereiro. Em relação ao mês passado, o recuo é de 9%.
Em parceria com a Secretaria de Turismo do Pará, o Airbnb realizou um evento que reuniu na terça-feira autoridades e especialistas para discutir a preparação da conferência. O secretário de Turismo do Pará, Eduardo Costa, avaliou que os números divulgados pelo Airbnb mostram que o Pará está no caminho certo na organização da COP30.
— Ampliamos a capacidade de hospedagem, reduzimos o valor médio das diárias e movimentamos a economia. Esse trabalho conjunto com as plataformas de aluguel por temporada demonstra que o estado está preparado para a COP30.
Já a plataforma de hospedagens afirma que “seguirá atuando para que a cidade ofereça diversidade de opções e uma experiência positiva a todos os visitantes, durante e após a COP30”.
Apesar da queda nos valores cobrados pela hospedagem, uma consulta no Airbnb e no site Booking feita na terça-feira ainda encontrou preços elevados. A pesquisa mostrou uma residência denominada como “doce lar” como a hospedagem mais cara disponível no Booking. A acomodação de 92 metros quadrados, localizada no distrito de Batista Campos, a 12 quilômetros do aeroporto internacional de Belém, cobra R$ 1,5 milhão para duas pessoas no pacote pelas 11 noites na COP30. Entre os serviços oferecidos estão café da manhã, ar-condicionado, wi-fi grátis e estacionamento privativo.
O valor é superior ao de uma cobertura descrita como “apartamento de luxo”, de 100 metros quadrados, cujo pacote para duas pessoas custa R$ 1,2 milhão. Ambas as acomodações têm custo superior ao aluguel de uma embarcação com 21 suítes, que acomoda 42 pessoas e cobra R$ 902.275 pelo período da conferência.
Já na plataforma Airbnb, o valor mais alto cobrado é por uma casa com quatro quartos, sete camas e seis banheiros descrita como “no coração da COP30”, com R$ 1,2 milhão por 11 noites. A residência está localizada a sete quilômetros do Parque da Cidade, que faz parte da Blue Zone da COP30. A consulta também localizou um trailer cujo proprietário cobra R$ 1,041 milhão pelo período da conferência.
Impacto de nova opção
A Secretaria Extraordinária da COP30 (Secop) avalia ser possível afirmar que os preços das diárias “vêm apresentando queda consistente ao longo dos últimos meses em Belém, em especial após o lançamento da plataforma oficial do governo”. A ferramenta foi lançada há cerca de 30 dias, após meses de atraso.
“Para que um imóvel seja exibido nela, é necessário que haja disponibilidade de quartos com valor de diária até 600 dólares (referente ao quarto, e não ao imóvel inteiro). Com isso, muitos proprietários e imobiliárias têm ajustado seus preços para que seus imóveis possam aparecer na plataforma e, assim, ganhar visibilidade internacional”, diz a Secop, em nota.
A crise de preços em Belém ampliou nas últimas semanas a preocupação com o esvaziamento da COP. Na sexta-feira, apenas 24% dos 196 países com representação na Convenção do Clima da ONU tinham hospedagem confirmada para o evento em Belém, segundo balanço divulgado pelo governo brasileiro.
A reportagem original é da edição online de O Globo e pode ser acessada pelo link a seguir: