Amazonas e Roraima são atingidos com o corte dos EUA da ajuda humanitária a Agência da ONU

O Governo Trump suspendeu por 90 dias o repasse de fundos americanos destinados à ajuda humanitária a uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que auxilia migrantes em Manaus e Boa Vista. Com isso, os serviços disponibilizados pela entidade para imigrantes venezuelanos, no Amazonas, Roraima e em outros 2 estados da região Norte, estão paralisados.
Segundo a entidade, a medida segue as ordens do presidente americano que, na última segunda-feira (27), determinou a paralisação imediata da utilização de fundos de assistência humanitária, em especial, do Bureau de População de Refugiados e Migração (PRM) e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), além de pausar novos apoios, conforme um memorando interno enviado a oficiais e embaixadas dos EUA no exterior.
Durante o período de suspensão, o Departamento de Estado Americano deve revisar todos os programas em andamento para garantir que a ajuda esteja alinhada com os objetivos de política externa do governo Trump.
Em Manaus, a partir desta segunda-feira (27), os profissionais que atuavam no escritório localizado no Pronto Atendimento ao Cidadão (PAC) da Compensa, na Zona Oeste de Manaus, foram dispensados. No local, centenas de pessoas procuram serviços de acolhida diariamente.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), com a paralisação de 90 dias, é estimado que milhares de imigrantes ficarão sem acesso a regularização migratória para a residência temporária no Brasil, o que significa que não terão acesso a serviços de saúde e alimentação.
A entidade, inclusive, é parceira do Governo Brasileiro na Operação Acolhida e, desde 2018, ajuda na regularização da migração e fornecimento de assistência humanitária a migrantes venezuelanos que entram no país pelo estado de Roraima.
Dois espaços administrados pela Rede Cáritas em Roraima destinados ao atendimento de migrantes e refugiados venezuelanos em situação de rua foram fechados nesta segunda-feira (27).
Os serviços gratuitos nesses locais eram financiados pelo governo norte-americano, por meio do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM).
Nesses espaços eram oferecidos serviços gratuitos de higiene pessoal, como uso de banheiro, duchas, fraldários e lavanderia. Além de fornecer bebedouro com água potável. Os migrantes acessam os locais diversas vezes ao dia.
Com o corte de verbas, diversos serviços serão afetados, como:
Regularização Migratória e Assistência Humanitária;
Proteção e Saúde;
Interiorização e Movimentos Humanitários;
Combate ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes; e
Apoio Técnico e Assessoria na temática migratória e desenvolvimento de políticas e planos de integração.
“Atualmente, 60% dos recursos da OIM no Brasil são provenientes dos Estados Unidos. A suspensão parcial das atividades da OIM no Brasil representa um desafio significativo para o gerenciamento da crise humanitária envolvendo migrantes e refugiados. Nossa infraestrutura e operações ficam muito comprometidas com a redução de capacidades e recursos em centros de acolhimento e atendimento. Teremos impacto direto na manutenção, no custeio e no funcionamento de estruturas físicas e recursos humanos da OIM no Brasil”, destacou a agência.
Por meio de nota, a OIM sediada em Manaus informou que buscará seguir trabalhando em estreito diálogo e colaboração com o Governo Federal e governos locais, dentro de suas capacidades.
O Brasil é o terceiro país da América Latina que mais recebeu refugiados e migrantes venezuelanos, ficando atrás da Colômbia e do Peru, segundo dados da Plataforma Regional de Coordenação Interagencial.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM), que também atua na região, é outra instituição afetada pela suspensão nos repasses.
Nesta segunda-feira (27), o Governo Federal realizou uma reunião para discutir o impacto da suspensão das atividades realizadas pela entidade no âmbito da Operação Acolhida.
Segundo nota divulgada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, as autoridades brasileiras estão mobilizadas e seguem em tratativas para reduzir os impactos da ausência das equipes da OIM na operação logística e na gestão de abrigos.
Entre as ações emergenciais estão a realocação de servidores das áreas de saúde, assistência social, da Polícia Federal e Defesa para manterem, em caráter emergencial, as atividades essenciais.
Com informações do G1